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4.7.06

Publicidade a negaças de Bufo-real


Catálogo publicita caça a aves protegidas


Uma revista de caça divulgou um catálogo que publicita chamarizes (negaças) para caçar espécies protegidas, como os bufos-reais, mas o anunciante diz que se tratou de um “erro de tradução”.

A denúncia partiu de dois deputados social-democratas que exigiram explicações ao Governo sobre esta matéria, num requerimento dirigido aos ministérios da Administração Interna, da Agricultura e do Ambiente.

No requerimento, os deputados Luís Carloto Marques e José Manuel Ribeiro (PSD) referem que um catálogo da «Kettner», distribuído através da revista «Calibre 12» traz informações sobre a comercialização de negaças com fins interditos por legislação nacional e comunitária.

Em causa estão, nomeadamente, duas negaças que imitam o bufo-real: um bufo-real “em plástico vibrante”, “indispensável para a caça” desta ave de rapina nocturna e um bufo-real em plástico “para eliminar os animais indesejáveis”.

“A negaça de bufo-real, foi utilizada para fins cinegéticos, nomeadamente para abate de outras rapinas, já que esta espécie tem a capacidade de gerar irritabilidade noutras aves de presa diurnas, que perante a sua presença tentam afastá-la, facto que origina a aproximação às negaças, sendo nesse momento abatidas a tiro”, explica o requerimento.

O responsável da «Kettner» declarou que se trata de um erro de tradução.

“O Primeiro de Janeiro”, 28.06.2006


Faz rir (ou chorar?) esta desculpa esfarrapada dos “especialistas” da caça.

Qual a parte que não entenderam: Bufo-real ou Bubo bubo?

No que concerne ao nome científico não pode haver erro, porque não há tradução. É assim, tal e qual, em qualquer parte do mundo.

É a maior das aves de rapina nocturnas, atinge 70 cm de altura e 170 cm de envergadura, é um super-predador natural, ocupa um habitat de montanha, com zonas florestadas e rochosas e está protegida:

1. Muito embora “não tenha sido quantificada a tendência da população global”, como refere a 2006 IUCN Red List of Threatened Species , “há uma evidência de declínio da população” destas aves, sendo estratagemas e actividades como esta uma das origens desse declínio.

Está incluída,

2. como quase todas as Strigiformes *, no Anexo II da CITES, o que equivale a dizer que não estando, momentaneamente, ameaçada de extinção, pode vir a está-lo e por isso a sua comercialização (e a caça, obviamente) é fortemente controlada.

Esperamos para ver o que irá acontecer.

Claramente, desculpas de erros de tradução não colam. Pelo menos para nós.

Estejamos alerta!

*
As espécies não incluídas no Anexo II são: Tyto soumagnei, Athene blewitti, Mimizuku gurneyi, Ninox novaeseelandiae undulata e Ninox squamipila natalis, listadas, mais drasticamente, no Anexo I.

admário costa lindo

crédito da imagem:
http://rapina.no.sapo.pt

2.7.06

Protecção do Meio Marinho


Nações Unidas apelam a medidas urgentes


As Nações Unidas apelaram a medidas urgentes para a conservação do meio marinho, alertando para os riscos da exploração humana dos oceanos que, segundo um relatório divulgado sexta-feira, está a atingir "níveis irreversíveis".

"Mais de 60 por cento do mundo marinho e da sua abundante biodiversidade, situada além dos limites da jurisdição nacional, encontra-se em situação de vulnerabilidade e enfrenta riscos crescentes. É urgente que os governos formulem directrizes, normas e medidas para resolver esta situação", afirmou Ibrahim Thiaw, Director Geral Interino da União para a Conservação da Natureza (UCN).

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) foi apresentado em Nova Iorque durante um encontro de especialistas e representantes governamentais para debater questões relacionadas com o direito marítimo.

O documento defende que as práticas adoptadas na conservação das águas costeiras devem ser adaptadas ao reino marinho e aplicadas aos oceanos profundos que escapam às linhas de jurisdição nacionais.

O director executivo do PNUA sublinhou que a capacidade humana para explorar oceanos profundos e o mar aberto se multiplicou rapidamente nos últimos anos.

Mais de 90 por cento da biomassa do planeta (o sustento da vida), encontra-se nos oceanos, mas o relatório lembra que a ciência só agora começa a compreender cabalmente a riqueza da vida, recursos naturais e ecossistemas que se escondem no mundo marinho. Menos de 10 por cento dos oceanos foram explorados e apenas uma milionésima parte do leito marítimo profundo foi sujeito a investigação, destacam os autores do estudo.

O documento refere também a maneira como a indústria pesqueira, a contaminação e outros problemas, como as alterações climáticas, afectam o mundo marinho.

Lusa/
http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/20060618+-+Proteger+meio+marinho.htm ac. 18/06/06